quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Cá estou eu, mentindo para mim mesmo...


 (antigo)


   Versos... tem o poder incrível de esconder tanto a felicidade, quanto a tristeza, tem a capacidade de tratar qualquer assunto com beleza, dependendo do contexto com imensurável frieza, não deixando de lado uma incrível nobreza. Pode fazer ou não os seus inspiradores de vilão, ou até mesmo um grande bobão, mas é quase sempre certo dizer que eles serão o sentimento mais puro que os seus autores descreverão, torcendo que não seja em vão, ou parem num vão, antes de chegar ao destino que eles almejaram.
   Cá estou eu, a contar um conto, bem mal contado, onde nada será revelado, onde nenhuma verdade será demonstrada e nenhuma mentira aparecerá. Cá estou eu, dizendo que estou feliz de ter relembrado do meu passado, e deixado de lado à paz de espírito que por um tempo eu tinha estado, afirmando que não estou decepcionado e dessa forma tenho me contentado em dizer que mais uma vez, me aproprio do passado.
   Cá estou eu, dizendo que nunca tive meu coração petrificado por uma decepção comigo mesmo, um pobre mal amado, ou por uma frustração com outra pessoa que agora não vem ao caso. Cá estou dizendo que meu presente estava muito feliz, do jeito que eu sempre quis, sem paixões, sem bem-me-quis, nem ao menos mal-me-quer, mané, por que não desejastes outros fins?
   Cá estou eu, estarei eu mesmo aqui, agora? Ou estaria eu aqui, lá fora? São que horas? Será que já voltou minha senhora? Qual seria sua resposta ao ouvir “me namora”?
   Cá estou eu, novamente, dentro dessa prisão, dentro da selva de pedra que é esse coração, sem amores, sem nenhuma grande razão para estar triste, mas triste por ter uma grande razão para estar feliz.
   Cá estou eu, me afogando novamente dentro de meu rio de palavras, que escorrem da minha alma, sem passar pela janela. Cá estou eu, voltando a ser um ilusionista profissional, estou feliz, nada mal, e para falar a verdade, isso não é nada fora do normal.
   Dizem que os olhos é a janela da alma, por isso os fecho ao escrever, para que nada saia do normal ao perceber que tudo o que foi dito, tem a ver você.

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